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O Senhor é grande

Eu realmente estava mal, pela primeira vez eu me arrependi de ter ido pra um acampamento, nunca estive tão oco e sufocado, nunca considerei que talvez a melhor idéia seria realmente não frequentar mais eventos sociais. Me esqueci de como se é um cara legal, perdi completamente o senso de como eu poderia interagir com outras pessoas... eu sempre fui meio anti-social, mas sempre foi mais por opção e negação da sociedade do que propriamente por incapacidade de relacionamento.

Mas... nesse encontro da FIEL eu senti um negócio estranho, eu ja tava mal na semana anterior, muito mais na minha do que normalmente eu ficava. Já tava meio ruim por causa da penca de sacrificios que eu tive que fazer pra poder ir pra lá então eu já tava de mal humor quando eu descobri que eu fui o único idiota que não sabia que o ônibus ia sair as 23:00 e não as 21:00 como foi o combinado da primeira vez, e consequentemente fui o único que matou uma prova por este motivo. Eu já estava mal humorado quando eu descobri isso, mas a viagem foi tranquila e deveras agradável apesar de eu não ter falado muito.

Na noite de domingo eu não fiquei depois da pregação, fui torrar o que restava da bateria do meu ipod numa ilhazinha no lago la do Palavra da Vida, tava gelado como... como algo bem gelado. Eu tava me sentindo idiota, mas nunca tão realista e poucas vezes tão visceral, sem dúvida eu me lembro do Tyler agora, falando sozinho, falando em inglês, falando sozinho e em inglês pequenas frases que meu vocabulário fraco me permitiam dizer na tentativa absurda e monstruosa de desviar o sentido, para que a verdade mesmo que dita por mim mesmo não fosse um fardo tão grande se tivesse que ser previamente traduzida pelo meu subconsciente atormentado.

Freak, era assim que eu me chamava. Esquisito, lixo com verdades na ponta da língua e ninguém que as escutasse.
Freak.

A bateria acabou, num momento oportuno, porque estava tudo bem. Eu não subi(para a comunhão), não ainda, me lembrei de quando eu não subia para a classe de adolescentes da igreja da minha mãe antes do culto a noite. Me lembrei que eu cantava Legião Urbana cantei.
Cantei até que meu repertório curto se esgotasse, cantei alto a plenos pulmões, ninguém me ouviu. Assisti um pequeno redemoinho de névoa em em volta da ilha bem próximo da água por alguns segundos não vi estrelas, estava muito claro e havia telhado na casinha da ilhota. Sim, era noite.

Quando esvaziei por completo, eu subi para a comunhão. Fui brevemente e levemente humilhado num ato impensado. Não fazia diferença, eu estava anestesiado.
Não sentia meus pés, o frio deve ter comido meus nervos por dentro. Eu estava anestesiado.

Segunda-feira maligna.
Nunca falei tão pouco, nunca falei tão feio, na verdade... Eu nunca estive tão feio, porque OOO bigode horroroso, deixei crescer pra ver como é que ficava. Vi, tirei. Tudo bem, falei pouco e a noite eu não jantei, tava mal, e o protocolo social não se adequava ao meu padrão emocional de convivência com outros humanos. A sensação que eu senti não se explica. Eu tenho plena certeza da salvação, eu não queria morrer, e sabia que não tentaria, nem pensei na bagaça do suicídio, nem pensei em nada. Parecia vazio e apático, uma apatia desesperadora como se o próprio vazio fosse me engolir, olhava para um ponto fixo no semi-escuro do quarto vazio enquanto a incerteza de que aquilo ia passar ia se apossando de mim.

Qual era o motivo da angústia? Eu não sei. Estava de fato tudo bem, eu ja tinha visto minha auto-estima baixa, não devia ser isso... Não era isso. Eu ouvia as pessoas de fora, o jantar deve ter acabado. Passou um tempo o Jairo entrou no quarto, me perguntou se estava tudo bem.

Eu acho que não.

Eu não sabia o que era, ele não se importou em descobrir, me entreteu e me ajudou como um bom amigo faz. Eu não falto a cultos, simplesmente não falto, nesse dia eu faltei.
Segunda-feira maligna.
O Jairo esteve comigo, ouvimos boas músicas e falamos sobre o acampamento. Eu comecei a melhorar, ainda não tinha tomado meu banho. Eu precisava mijar. Uma simpática moça chegou com sua mãe enfermeira, Raquel era seu nome. Nosso colega de quarto de araçatuba estava passando mal, sentindo pontadas no peito ele disse. Ele acreditava que estava com pressão alta. Nós conversamos e eu tive que me segurar pra não soltar toneladas de piadas inoportunas guardadas ao longo de um dia em silêncio. Eu me segurei.
O rapaz não tinha nada e acabou por passar muito bem, as senhoritas foram embora e nós conversamos com ele por algum tempo. Eu já me sentia melhor.

Disse ao Jairo que deveria ir, a mulher dele já não devia estar satisfeita com a demora dele no pós jantar. Ele foi, eu tomei meu banho e subi para a comunhão, lá eu não estava muito falante também mas deu tudo certo e eu já me sentia muito melhor. Dai teve as brincadeiras de roda, dignas de risadas. Eu sai e conversei com as pessoas, cantei legião com a menina Flávia e dormi bem.

Acordei como um bom Ruither acorda. Estava normal e não queria ir embora.
É dia de ir embora.
Entramos no ônibus, viagem agradável. Agradabilíssima até. Conversei até os dentes secarem com a menina Flávia coloquei algum outro papo em dia também, conversamos bastante com o Roosevelt sobre um mone de coisas Bíblicas e doutrinárias em geral. Mas só de madrugada, quando eu fui tentar dormir com o fone de ouvido que eu fui entender o que tinha acontecido, entendi porque que tudo aquilo tinha sido tão doloroso e a resposta é simples.
Porque eu pedi.
Eu sabia que tinha algo de errado antes de ir pro encontro, então eu tinha pedido(e me esquecido mais tarde) para que Deus me quebrasse, me humilhasse, pedi que meu orgulho fosse quebrado e que eu fosse pro chão, Deus é poderoso e misericordioso permitiu que meu pedido fosse atendido e assim eu fui, assim eu me senti. Quando eu estava no meu pior momento(lá no quarto olhando para pontos fixos enquanto o tempo não passava) eu fiz uma outra oração que também não me lembrava, pedi por companhia, só para conversar e ter um pouco de paz. Assim Deus fez, o mesmo que fez os céus e a terra me permitiu ter companhia.

Enviou o Jairo, depois a Flávia. Pessoas maravilhosas que serviram ao propósito divino de me mostrar um pouco da sua soberania, quando eu me dei conta de como Deus agiu na minha vida no acampamento, de como ele atendeu ao meu pedido de maneira tão específica e me tratou, quebrando o vaso velho e fazendo um vaso novo eu chorei no meio da madrugada no caminho para casa, eu chorei com um largo sorriso no rosto e não conseguia pensar em outra coisa queria gritar para o ônibus todo queria anunciar a todos que o Senhor é grande! Que só o Senhor é digno de glória, que nada é em vão e eu nunca vi isso com tanta clareza.

E eu, bobo eu, crendo que ia voltar pra Goiânia sem despejar uma lágrima sequer. Que Deus seja louvado meus irmãos pela providência, lembrem-se que tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus. Sejamos todos servos e nos lembremos sempre de que Deus escuta nossas orações.

Que eu seja quebrado todos os dias, que eu seja restaurado todos os dias para a glória de Deus.
Que eu seja um servo fiel e humilde para a glória de Deus.

"Algumas coisas Ruither, só você vai ver"

O Senhor é grande, amém.


Comentários

  1. Ruither...
    eu só posso dizer MARA
    Que bom que Deus fez tantas coisas na sua vida ele é realmente fiel!

    Glória a Deus por sua vida
    vc é 10.

    ResponderExcluir
  2. Poxa vida meu. Vc me fez arrepiar com esse seu mini "diario". Deu pra ver que vc teve uma passagem meio que conturbada no evento. Sei la...é normal, nós seres humanos somos animais sem noção. As vezes bodamos do nada sem saber o porque. Mas tem um porque, e graças a Deus, vc descobriu este porque e o dono deste porque, digo, de toda a razão.

    ResponderExcluir

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