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Mostrando postagens de fevereiro, 2011

Chateações de um Chateau

Aquela garrafa já estava cheia. Já estava cheia justamente por ainda estar cheia, pois ainda não havia sido consumida. Só ia sendo consumida a sua paciência, levada pelo tempo. E o tempo se arrastava lento naquela velha adega. A garrafa, originada da vinícola francesa Chateau D’Arignac, safra de 1807, já não podia agüentar a espera... o ócio... o envelhecer. A cada passagem de ano – e foram muitas – podia ouvir o estalar das rolhas, alegres, festivas, e o canto do vinho que deslizava nas taças sóbrias de cristal para serem degustadas sob brindes recheados de esperança. Garrafas eram abertas também em cerimônias políticas e bailes da mais alta sociedade. Mas não esta garrafa, que tinha a rolha entalada na garganta. O seu valor, em sua concepção, era sua maldição. Já tinha perdido seu orgulho, seu sonho antigo, da época em que era apenas um tanto de uvinhas grudadas à parreira, sonho de ser aberta em ocasião de grande tratado de paz, ou cerimônia importante e cheia de pompa. Já