Muita gente velha. É isso o que eu vejo sob a luz violeta do pub. Minhas companhias são quatro cadeiras vazias e a parede de tijolos à qual escoro minha cara enquanto olho para os copos de Coca-Cola e Red Bull que pedi para me animar. Até agora não fizeram efeito. O a música do DVD preenche a atmosfera escura, soando tão melancólica quanto seria possível para um grupo de pop music. Não conhecia esse lado deprê do Dire Straits. Eu sou um corpo estático. Me sinto só. Logo eu, com esse meu jeito “não preciso de ninguém”. Olho com inveja para um grupo de três amigos conversando e rindo etilicamente à minha frente. Não que eu quisesse o álcool deles, é claro. Mas alguém pra conversar não iria mal. Aos poucos as minhas cadeiras vazias vão sendo retiradas, e me resta apenas a mesa e a porção de batatas fritas que pedi numa segunda tentativa de dissipar o tédio. Eu, batata, muro de tijolos. Então, o Rock. E adeus, muro. Adeus batata. Adeus gente velha. E eu sou um corpo que se move.