Ao viajar sob a penumbra daquele ônibus, já tarde da noite, eu tive uma sensação engraçada. Na verdade, foi uma sensação muito gostosa – por outro lado assustadora. Me vi sentado na poltrona, com o velho Rock n’ Roll rolando no ipod do Lukete, tendo um flashback do presente. Observei, estranhamente nostálgico, vultos jovens, corpos jovens, com suas roupas leves, levemente deitados em seus travesseiros. Senti-me em uma velha fotografia, ou em uma filmagem desbotada, ou em uma lembrança fantasiosa do passado. Não é estranho, isso? Um flashback do presente. Como se eu, já um adulto de meia idade, tivesse voltado no tempo durante o sono, e despertado de volta aos meus 20 aninhos. Sim, como uma lembrança fantasiosa do passado. Só que real. Vi-me jovem. É perigoso, porém, esse lance de “flashback do presente”. Será que não é muito cedo pra isso? Será que não é tempo de viver meu tempo, assim como me foi dado, de bandeja, ao invés de previamente fotografá-lo? Bom, de qualquer forma achei que ...